segunda-feira, agosto 28, 2006

Gelados

"Olh'óooooooo gelaaaaado fresquiiiiiinhoo! É frut'óooo chocoláaaaaate!" é seguramente o slogan mais adequado à época em que estamos: o Verão. E qual é o produto que melhor caracteriza o Verão? O gelado, é claro! (ainda pensei na imperial, mas como este é um blog sóbrio achei por bem não introduzir elementos perturbadores)
Não querendo recuar no tempo ao ponto de encontrar o visionário que criou esta obra-prima - já que esta é também uma invenção reclamada por gregos, troianos, espartanos e, como é óbvio, chineses -, gostava apenas de partilhar convosco uma pequena teoria que desenvolvi arduamente (tão arduamente que nem conseguirão compreendê-la). Falo-vos, por isso, da Teoria da Gelataria.
A Teoria da Gelataria é o fruto de uma pesquisa exaustiva acerca dos gostos dos portugueses no que a gelados diz respeito. Incide sobretudo na atitude dos potenciais consumidores perante uma montra de gelados (aqueles com cone, copo e bolas...e todas aquelas coisas muito giras). Assim, foi-me possível dividi-los em grupos distintos:
  1. Extreminadores-Implacáveis: caracterizam-se por serem indivíduos sem qualquer tipo de comiseração pelos ditos gelados, devorando-os até ao mais ínfimo resíduo; apreciam maioritariamente o sabores a chocolate;
  2. Corleones: este tipo de indivíduos padece do síndrome da dependência. Com isto quero dizer que um consumidor do tipo Corleone não consegue satisfazer a sua necessidade (gelada) sem a ajuda de um ou mais indivíduos. Exemplos disso são as crianças, que persistem em (tentar) delegar nos pais a responsabilidade de financiar e adquirir os ditos gelados; deliciam-se com gelado de baunilha;
  3. Pestinhas: assemelham-se aos Corleones, divergindo apenas num traço da personalidade que lhes permite satisfazer a dita necessidade com maior rapidez, dado o seu elevado poder de persuasão, capaz de instigar a actos de fúria; o sabor a limão é o seu predilecto
  4. Keanu Reeves: estes são, indubitavelmente, os consumidores mais ásperos. À semelhança do actor que empresta o nome a esta categoria, os indivíduos com comportamentos deste tipo são incapazes de exprimir qualquer espécie de emotividade, sentimentos de tristeza, alegria ou até mesmo um simples sorriso. Diante de um balcão repleto de gelado, a sua reacção assemelha-se a esta. São, por isso, imprevisíveis e, acima de tudo, fracos consumidores; o gelado de noz é a sua cara-metade;
  5. José Sócrates: antes de prosseguir, gostaria de referir que esta categoria esteve para nem sequer existir, dadas as singularidades que estas personagens apresentam. Com isto quero dizer que nem deveriam ser considerados consumidores. A sua principal característica centra-se no sorriso que exibem, um disfarce exímio que esconde a falta de iniciativa, mais do que evidente pelo simples facto de nem sequer conseguirem optar por algum dos sabores disponíveis, delegando no(s) empregado(s) a responsabilidade de decidir. Ainda assim elegem o sabor a banana como favorito.


E vocês, em que categoria se inserem?

sexta-feira, agosto 25, 2006

Hey?

Está alguém por aí?

domingo, abril 30, 2006

Pessoa e as pessoas

Aviso-vos já que o teor deste post não justifica o relevo que lhe estou a dar. Aliás, nem sei porque escrevo isto, talvez por ter mil e uma coisas para fazer a única que me ocorre é escrever aos nossos caros leitores. No fundo, o que eu quero mesmo é contar-vos um episódio ao qual assisti ontem à noite.
Estava eu junto à Brasileira do Chiado (o café, não uma mulher da dita nacionalidade) à espera do meu companheiro de café quando, sem me aperceber completamente do sucedido, principia uma agitação anormal junto da estátua de Fernando Pessoa. Não sei bem porquê, mas o que é certo é que se criou uma espécie de efeito "bola de neve" e o que começou com uma brincadeira de uma criancinha tornou-se uma corrente de estupidez, apenas ultrapassável pelo cordão humano que se criou no Euro'2oo4 (neste caso não pela estupidez, mas pela dimensão).
Passo a explicar: num primeiro momento, os habituais flashes que os "cámones" costumam disparar contra este nosso símbolo nacional deram lugar a ataques algo impertinentes de duas criancinhas que o rodearam. Palmadas no chapéu (para confirmar se era mesmo de bronze e, por conseguinte, duro), carícias na mão (gelada, por sinal) e outros gestos menos próprios para a situação em causa foram apenas alguns dos exemplos do que o povo "tuga" é capaz de fazer ao grande Pessoa.
Às pequenotas sucederam duas chicas castellanas, muito alegres, que por pouco não encheram de beijos a obra do Mestre Lagoa Henriques. Finda a histeria, foi a vez de uma típica família nuclear invadir aquele espaço para 'roubar' ao nosso amigo mais uma(s) fotografia(s).
Entretanto, o meu compincha chegou e, num acto pecador, virei costas a Pessoa e sentei-me na esplanada para apreciar o café e os vários dedos de conversa que fluiram noite dentro.

Peço desde já a quem eventualmente possa vir a pensar erguer uma estátua em minha homenagem que opte por uma destas duas soluções:
  1. Simplesmente não o façam! Poupam o vosso tempo e a vossa dedicação e evitam que o meu descanso eterno seja perturbado por criaturas inferiores
  2. Se estiverem mesmo decididos em fazê-lo, sigam exemplos como a estátua do Marquês de Pombal, que, regra geral, só é incomodada quando Benfica ou Sporting comemoram um título, coisa que feliz e infelizmente (pela ordem referida) não sucede com tanta frequência como seria de esperar à partida, dada a sua altitude. Por isso, edifiquem-na bem lá no alto!

Obrigado pela atenção (e, se possível, pela estátua).

P.S. - Afinal o teor do post vale mesmo a pena...

terça-feira, abril 11, 2006

Back!

Senhoras e senhores... É com prazer que anuncio que a nova geração está absolutamente de volta. Antes de mais dedico esta pequena divagação a uma querida amiga nossa que fez anos ontem: Carina, mais uma vez muitos parabéns!

No outro dia estava a jantar no colombo, com uns quantos amigos, (entre os quais o meu colega colaborador Mike) quando me voltei a deparar com uma dúvida existencial recorrente ao ir pedir um hamburger ao Mcdonald's: os pickles.
Não me levem a mal, isto não foi algo que me surgiu de repente. Eu e os pickles sempre tivémos um certo mau clima entre nós.
Nunca gostei deles, nunca gostarei!

Aliás, para ser franco, demorei imenso a conseguir perceber exactamente o que eles eram quando eu era mais novo. Primeiro tinha a ideia de que era o nome do vegetal verde parecido com o pepino e que tinha de ser conservado num jarro cheio de um liquido francamente estranho por alguma razão divina; mais tarde como nesses frascos também havia cenouras e couve flor fiquei mais confuso. Acabei por adoptar ao termo pickles a seguinte definição: vegetal que por alguma razão obscura foi dessecrado ao ponto de perder todo o seu sabor original, tendo sempre o mesmo sabor, não interessa qual a sua família.

Voltando ao que interessa, pickles nos hamburgers!
Para mim é um mistério o porquê das grandes companhias terem decidido ser uma óptima ideia tornar os pickles num elemento base de um hamburger, não faz absolutamente sentido nenhum!
Um hamburger é um bocado de carne. Um hamburger vendido como fast food é geralmente um bocado de carne entre duas fatias de pão. Passar desse ponto a colocar também um temperozinho é um passo lógico. Daí podemos explorar várias nuances sobre a forma de diferentes tipos de hamburger: hamburger com queijo, com bacon, com alface e tomate, com tudo o que se possa imaginar. Mas o ponto fulcral é que fora aqueles elementos básicos, é o público que escolhe o tipo de hamburger que quer.
Menos os pickles! Esses estão em todos os hambugers. E o mais cómico é que pelo menos 60% da população odeia-os!
Decididamente a alguma altura na evolução natural das cadeias de fast-food, algo correu extremamente mal...

Numa notícia completamente não relacionada com a primeira, ando a pensar em criar uma daquelas linhas para que o público que vê televisão possa telefonar, pagando uma módica quantia. A minha ideia era fazer algo seguindo esta linha de pensamento:

Nós no "Só lês se quiseres" achamos que as pessoas são tão estúpidas que nos deviam pagar para ouvirmos as suas opiniões. Não concorda? Então ligue para o 800-696969 e diga-nos o que pensa! (2€ a chamada)"

Creio que vai funcionar. Não concordam? Deixem o vosso reply e digam-me o que pensam! (grátis, por agora...)

E o mundo inteiro cairá aos nossos pés.

segunda-feira, abril 10, 2006

As nossas desculpas

Pedimos sinceras e sentidas desculpas pela nossa ausência, mas tem sido de todo impossível para nós actualizar este espaço. Andamos fugidos da PJ e da AFP (Associação Fonográfica Portuguesa), a propósito dos downloads ilegais de música. Encontramo-nos, por isso, fora do país, mais propriamente num sítio onde o sol não brilha. Contudo, nem todas as notícias são más. Tenho ali uma lista de músicas novas que acabei de 'sacar'. Se estiverem interessados digam qualquer coisa...









...mas cuidado, eles "andem" aí...

quarta-feira, março 15, 2006

Ai estão a dar?Adonde?

No meio do imenso mar de palavras existentes, algumas despertam em nós diversos sentimentos, sensações, espontaneidade, uma espécie de clique que nos desperta do estado de adormecimento mental em que muitas vezes nos encontramos. No entanto existem algumas palavras mais consensuais que causam um sentimento comum por quem as ouve, despertando por vezes os instintos mais selvagens e inactos que dentro de nós existem.. A palavra "grátis", "à pala", "à borla" é uma dessas. Basta alguém entoar por muito baixo que seja a palavra grátis que se acende o rastilho e tudo acorre em euforia e profunda loucura em busca do brinde, esquece-se o politicamente corrrecto, as aparências e saltamos, empurramos, debatemo-nos com os outros "concorrentes", qual mini-maratona de lisboa, para no fim podermos ostentar com orgulho o nosso prémio e podermos passar pelos outros que chegaram tardiamente e sorrirmos pensando para nós "tivesses chegado mais cedo e tinhas uma caneta de plástico como a minha..azar o teu!". Este acontecimento atinge o seu auge nas campanhas eleitorais, porque segundo a lei económica por mim estudada, quando a oferta de produtos é maior a um preço baixo ( grátis diga-se..), a procura aumenta na mesma proporção. Se houvesse uma caderneta com os cromos dos candidatos às presidenciais acredito que houvesse muito boa gente com a colecção toda, desde que estes sejam dados , gritam por qualquer um que passe à sua porta..
Mas a decisão de escrever sobre este assunto deu-se porque me vi envolvido em tal situação. Tendo eu que distribuir livros, marcadores e tshirts depois de um concerto, pensei que tudo iria decorrer na maior normalidade e as pessoas iriam ser educadas na forma como pediriam os brindes e aguardariam se assim fosse preciso, uma vez que eramos poucos parar distribuir a tanta gente.. Mas depois percebi que não existe normalidade nessas coisas, as pessoas transformam-se e passam por situações ridículas sem se aperceberem. Havia uns que depois de lá terem ido uma vez, voltavam mas agora mais discretos, com a mão à frente da cara com medo que eu os reconhecesse para poderem dizer aos amigos que conseguiram levar 2as tshirts..Por outro lado bastou-me pousar o porta chaves no chão com as minhas chaves de casa para que alguém agarrasse nele e outra perguntasse se estavam a dar porta chaves, tive que agarrar na menina antes que ela se fosse embora, explicando-lhe que assim não tinha como entrar em casa. O pior aconteceu quando os brindes se começaram a esgotar.. as pessoas aí apertaram o cerco e entre senhores de gravata, imigrantes, miúdos mais pequenos deixou de existir qualquer diferença, só se preocupavam em tentar-me arrancar das mãos as últimas tshirts e cada um puxava para seu lado... Posso admitir que pressenti o medo, não sabia como lhes dizer que já não havia mais...Podia ser eu o próximo alvo da loucura deles? Não o sabia bem.. Mas enfim de seguida fui salvo pela banca da água das pedras que também entoava a palavra "grátis". A teoria de Pavlov não pode ser mais actual..E assim se sobrevive neste selvagem mundo..

sábado, março 04, 2006

Bidés ou bidets, para os mais finos

Em primeiro lugar, perdoem-me a mim e aos meus parceiros o longo interregno, mas a vida de estudante impõe certas condicionantes difíceis de ultrapassar (leia-se, exames e frequências). E como tal, sendo nós uns estudantes exemplares (?), passámos por um fase introspectiva de afirmação cognitiva. Sem grandes resultados práticos, diga-se já, mas com uma certeza: ignorantes não somos!


Há, de facto, um objecto (ou instrumento, ou o que lhe quiserem chamar) que me intriga profundamente: o bidé. Sempre foi um elemento presente na minha casa-de-banho (e presumo que também o tenha sido na de todos vocês), mas nunca me dignei a tentar descortinar a sua utilidade. Ora, se a banheira serve para tomar banho e a sanita (ou retrete, se preferirem) se destina a depositar tudo o que está a mais no nosso corpo, para que servirá realmente o bidé?
Sim, eu usei-o quando era mais pequeno. Para pequenas lavagens ou por simples diversão. Mas calma! Em que pensou quem inventou isto, hein Mr. Bidet? Dou voltas e voltas à minha mente e não consigo encontrar nenhuma explicação minimamente plausível. A não ser que me reporte (com todo o respeito) aos velhinhos que já não se conseguem aguentar "nas canetas" dentro da banheira e preferem a segurança espacial daquele recanto. E cada vez que penso mais sobriamente nisso, apercebo-me que esse deve ser o único aspecto verdadeiramente positivo d'um bidé. Não é que eu tenha alguma coisa contra o objecto, mas a sua não-existência também não deixaria qualquer saudade, pelo menos para mim.

E agora, que já atormentei o vosso dia, calo-me por mais uns tempos.


Hasta la vista, bidé!

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Sociedade secreta de alguma idade


Acordam quando o sol ainda boceja. Começa aí mais uma jornada de preparação para a secreta reunião que se dá num recôndito mercado da grande lisboa. Os membros desta comunidade começam por retirar os seus belos fatos guardados para ocasiões especiais cujo cheiro a naftalina se encontra entranhado, mas nada como o disfarçar com uma água de colónia comprada nos saldos do recente Verão de 1940. Colocam a fatiota toda janota em cima da cama e desajeitadamente, devido ao reumático que já se faz sentir, vão em busca dos sapatos que completam o estilo de galã. Uma engraxadela até brilhar, e ganham de novo vida para mais uma reunião. De seguida procuram cortar os teimosos pêlos que crescem nas orelhas, fenómeno imcompreensível da natureza, procuram as meias com menos buracos, colocam os seus melhores dentes e enceram a careca que ostentam como sinal de orgulho. Uns passos em frente do espelho para nao perder a forma, bengala na mão e boína na cabeça e estão prontos para mais uma bela tarde.Perguntam vocês aonde eles se dirigem? Hoje é dia de mais uma reunião da terceira idade. A sala onde se reúnem dá pelo nome de mercado da ribeira, onde a entrada só é permitida a homens de barba rija e a mulheres maduras. A música já se ouve bem cá do meio da rua entoada por mais um conjunto de "qualidade duvidosa" que desafinadamente faz as delícias dos membros desta sociedade, prevendo-se mais uma tarde bem movimentada. Lá dentro podemos distinguir as diversas espécies que compõem esta sociedade:por um lado temos os mirones que encostados ao balcão, trazendo previamente de casa os seus óculos de ver ao longe, observam as senhoras que vagarosamente se movimentam por aquela sala ao som de música dita "popular portuguesa"; depois temos umas cadeiras onde os mais tímidos se sentam e se embrenham em complexos pensamentos "será que a convido para um pezinho de dança? e se ela depois repara que eu sou coxo e nao quer nada comigo..é melhor não ir.."; e por último os galãs que disputam as senhoras entre si, dançando pela sala, qual ritual de acasalamento, levando-as a soltar largos suspiros, enquanto estes se degladiam em ferverosos duelos onde a bengala é lei. Cá fora dois seguranças vigiam a entrada, não a permitindo às crianças menores de 60 anos, que não estão preparadas para um evento tão grandioso como este. No fim da tarde tudo acaba, entre caras tristes pelas derrotas nos duelos e por mais uma tarde de pouca sorte, e outras mais risonhas pelas recentes conquistas e pela sorte os ter bafejado, voltam às suas casas e ao sofá que os espera de braços abertos, indo a pensar em novos piropos e técnicas para o dia seguinte.. E assim é o dia-a-dia no seio desta comunidade secreta, em que se revivem os velhos tempos e se recupera a alegria de viver.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Um pacote de batata frita

Já alguma vez, assim por acaso, num período "morto" da vossa existência, pararam para pensar como se desenrola a "vida" (?) de um pacote de batata frita? É algo que nos pode encher de compaixão, de ternura e até mesmo fazer-nos desistir de atacar de forma selvagem tão delicioso repasto.
Tudo começa com o cultivo: o deitar das sementes na terra; o tratamento cuidado para que todo o processo corra da melhor forma; até que o produto começa a surgir, forte e viçoso, preprando-se para o seu destino cruel. Dá-se a colheita e as batatas seguem para o complexo industrial onde serão impiedosamente descascadas, cortadas, entre outras torturas que até tenho pena de referir...
Entretanto submetem-nas ao terror: a fritura em óleo. Aquele óleo viscoso, sujo, imundo, mas que para o banal ser humano é algo de mítico. São empacotadas sem qualquer misericórdia e seguem para o posto de venda: um qualquer supermercado, área de serviço ou outro qualquer estabelecimento por esse mundo fora.
É aí, então, que se dá o momento crítico. Elas sabem, dentro do seu ilustre pacote, que a sua vida irá ter uma curta duração. Se não sabem, pelo menos desconfiam... (espero eu, coitadas!) A qualquer momento poderá chegar um indivíduo com uma fome insaciável e definir o destino final das nossas amigas: um estômago medonho, mas não sem antes, como é óbvio, serem torturadas (mais uma vez!) por dentes mal lavados, cheios de escorbuto ou outra peste perigosa. Findo o processo de deglutição, a casa que acolheu estas nossas amigas nos curtos instantes da sua vida - o pacote - é largado a céu aberto, sem comiserações nem sentimentos de culpa. Depois o transeunte assiste à poluição ambiental, visível aos olhos de todos.
Peço desculpa por esta tortura visual em forma de post, mas apoderou-se de mim uma compaixão pela "vida" destes "seres" e das suas respectivas "habitações". Aproveitem e percebam o que uma espera de 15 minutos pelo comboio pode provocar nas pessoas. Bastou-me ver um pacote a esvoaçar pela linha e deu nisto...
Batam-me, esfolem-me, mas deixem-me vivo, se faz favor.

A Gerência agradece.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Condecorações, distinções e afins

Nos últimos dias tem-se registado - numa semelhança ao famoso baby boom - uma explosão do número de condecorados pelo Presidente da República. Eu próprio, que até o tenho em boa conta, encaro esta situação com algum espanto (ou nem tanto).
José Mourinho, Belmiro de Azevedo e Bill Gates foram apenas alguns dos nomes que Jorge Sampaio teve todo o prazer em distinguir. Confesso ainda alguma (muita, no caso de Bill Gates) admiração pelo trabalho desenvolvido em cada uma das áreas correspondentes, mas não exageremos! A propósito desta onda condecorativa, um comentador da RTP - cujo nome não me recordo - manifestou-se da seguinte forma: "Isto acaba até por ser uma desvalorização das poucas personalidades que realmente merecem estas distinções, como Bill Gates, visto que nos últimos dias qualquer pessoa que esteja num raio de 1km do Palácio de Belém é automaticamente "sugada" para ser premiada". E digo eu que a imagem até é relativamente interessante.
Entretanto, e seguindo o tom contestatário que pretendo neste post, tenho-vos a dizer que já pedi que retirassem o meu nome da lista dos condecorados. Porque raio hei-de estar junto do Zé do Talho ou do Manel dos Telemóveis? Naaaa, muito baixo para mim! Sugiro-vos que façam o mesmo e evitem a propagação desta peste conhecida como "febre-condecora-tudo-e-todos-no-final-do-mandato": é uma doença perigosa e transmite-se de presidente para presidente através da cadeira de Chefe de Estado.
A solução passa simplesmente por enviarem um email à Presidência da República requerindo a vossa exclusao da pretensa lista de galardoados. Não esquecer, no entanto, a obrigatoriedade de não circular num raio inferior a 2km do Palácio de Belém, pois qualquer tipo de aproximação do edifício pode anular o efeito do email.

Ok, eu estou doente e isto pode parecer tudo muito surreal. Posso até estar a exagerar, mas se olharmos com atenção para este fenómeno veremos que o caso é bem mais bicudo do que parece. Daqui a pouco tempo o posto mudará de dono mas a história será a mesma, pelo menos no que concerne esta fantochada das condecorações. Só não consigo imaginar o Cavaco Silva a receber o Bill Gates no Palácio de Belém. Ou melhor...não consigo imaginar o Bill Gates a perceber uma única palavra do que diz o Cavaco sem um intérprete, mas pronto...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A idade não perdoa..



No seguimento da crítica social que tem sido feita pelo meu caro e distinto colega Catalão, lembrei-me de abordar um assunto que me fascina, com o qual me deparo diariamente e me provoca algum medo,confesso..Surgem em qualquer paragem de autocarro,estação de metro ou qualquer outro meio de transporte colectivo.Por vezes formam gangs que se intitulam "Turismo sénior do Inatel".. no seu passo vagaroso invadem praias, hotéis, cafés e todo um conjunto de estabelecimentos comerciais e assustam as pessoas empunhando fortes bengalas, canadianas e afins, encontrando-se também munidos de dentes móveis que saltam quando menos se espera sem uma direcção definida..Por outro lado no seu dia-a-dia normal são responsáveis por um conjunto de estranhas situações que observo e tornam a minha viagem nos autocarros bem mais alegre e agitada.Passarei então a enumerar algumas dessas peripécias:
Nunca consegui perceber o facto de as pessoas de idade serem sempre as primeiras a protestar junto do motorista, (mesmo que ele seja ucraniano e nao perceba nada..) se o "Bus" chega 5 minutos atrasado..gesticulam fortemente acompanhando os gestos com expressões de indignação fazendo realçar as rugas acumuladas e levantam a voz para fazerem chegar a sua indignação ao banco mais longínquo ( se bem que no banco mais longínquo está normalmente um dread sentado com os phones em volume máximo curtindo um kizomba, alheado da cena que se vive..). Tudo isto porquê?Será que perder 5 minutos do "Portugal no coração" é assim tão grave??Não consigo perceber..

Por outro lado, uma coisa que sempre me intrigou foi uma senhora de idade que todos os dias apanhava o mesmo autocarro com a indicaçao de "210 Caneças", e todos os dias perguntava ao motorista se o autocarro ia para Caneças..todos os dias, à mesma hora, no mesmo local, lá estava a senhora a fazer a mesma pergunta e o motorista com a paciência do costume respondia que sim..eu se fosse motorista,ao fim de uma semana desta situação teria que responder desta forma à cara senhora que tão "amavelmente" fazia a pergunta: "Não,o autocarro diz 210 Caneças mas é só para enganar..shiiuu,mas nao diga a ninguém.."

Mas no fundo tenho a dizer que os ditos "velhos" são bem lá no fundo pessoas amáveis,generosas( a minha avó pelo menos sempre foi comigo,gomas,bolos..deus a abençoe..) com quem temos muito a aprender..E por outro lado o que critico agora poderá ser aquilo em que me vou tornar daqui a uns anos quem sabe..pelo menos a bóina e os dentes amovíveis vou usar de certeza..

Por outro lado assistimos a outra loucura semanal a que se dá o nome de "Euro Milhões", deixo aui para terminar uma foto que testemunha o desespero de dois jovens por mais uma semana de Jackpot acumulado.. A esses dois jovens desejo-lhes melhor sorte para a semana..

sábado, janeiro 21, 2006

Ratinhos de Biblioteca

Sendo eu um potencial crítico desta sociedade, não poderia deixar escapar a hipótese de escarnecer uma epidemia que prolifera um pouco por todo o mundo: os ratinhos de biblioteca.
Não, não me refiro a uma espécie nova de roedores que decidiu atacar o nosso singelo planeta. Com esses podemos nós bem. Falo-vos, pois, de outro tipo de roedores. Quem conhece o termo sabe ao que me refiro. Estes, ao invés de pedaços de queijo e outros pequenos alimentos, devoram apontamentos, livros com uma média de 2000 páginas, enciclopédias, dicionários, etc. E porquê? Ok, é importante um pouco de dedicação à escola, à faculdade, whatever...mas não exageremos, por favor!
A parte interessante na análise desta espécie prende-se com a interacção dos seus membros. Desconhecendo a maioria das práticas comunicativas, estes seres tendem a estabelecer relações intersubjectivas através de certos processos fisiológicos como: espumar intensamente da boca após 3291023 horas seguidas a estudar palavras do dicionário, balançar violamente o corpo para a frente e para trás, adquirir uma postura atarracada que lhes permita abranger o maior número de livros possível, entre outros comportamentos desviantes.
Entre os seus habitats naturais destacam-se as primeiras filas das salas de aula deste Portugal e as bibliotecas (especialmente as que possuem artigos sobre a reprodução do nosso grande amigo mamute de tromba roxa). Interessam-se pelas novas técnicas de permanecer acordado durante 3 dias seguidos - extremamente úteis em épocas de grande stress estudantil - bem como pela vida sexual dos mosquitos autistas.
Exemplo prático: um espécime do sexo feminino, rondando os 18 anos, entrou numa sala de aula com um atraso de 30 minutos. Bateu atenciosamente à porta, espreitou para dentro da sala e entrou pé ante pé. Dirigiu-se ao professor universitário, pediu 321982398013 vezes desculpa pelo atraso e acrescentou: "peço imensa desculpa, mas vou ter de sair 5 minutos mais cedo da aula, pois tenho de saciar a minha necessidade de devorar livros incessantemente". O professor acenou, espantado com a situação. Minutos antes de acabar a aula, este espécime, que se tinha sentado na fila da frente e permanecido imóvel durante 1 hora e 32 segundos, chamou o professor e avisou que se iria retirar. Saíu, deixando um rasto de preocupação entre os que restaram...
Tenham cuidado! Eles andam aí e são perigosos...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Solidão

Os seres humanos são das criaturas mais maravilhosas que se podem encontrar no universo. Não são provavelmente as mais fortes, e muito menos as mais inteligentes... Não serão também as mais rápidas ou ágeis nem as mais sexualmente aptas. Contudo, existem ainda certas características que lhes são inerentes a eles e apenas a eles.
A primeira é o sarcasmo. Num universo infinito (e para quem não sabe o quão grande infinito é basta dizer-vos que é maior do que qualquer tamanho que vocês imaginem...) eles são os únicos a possuir a capacidade de utilizar sarcasmo em qualquer situação e, consequentemente, entendê-lo. Muitos já tentaram perceber onde é que exactamente essa característica os vai ajudar a desenvolverem-se enquanto raça. Até agora nada se descobriu. Contudo, convém dizer que, mesmo que servindo para mais nada, o sarcasmo dá estilo. E num universo gigantesco, o estilo conta!
A segunda é o hábito que os seres humanos têm de constatar continua e repetidamente tudo o que há de mais óbvio, como "está um dia lindo", "És muito alto", "Pareces ter dormido pouco!", "Oh meu Deus, acabaste de cair para dentro de um poço de trinta metros! Estás bem?"
Já se formaram teorias ácerca de tal comportamento disfuncional. A primeira teoria a que se chegou é que se os seres humanos não exercitarem continuamente os seus lábios, as suas bocas acabam por desaparecer.
Após alguns meses de observação e consideração, abandonou-se essa teoria por uma nova. Se os seres humanos não exercitarem continuamente os lábios, os seus cérebros começam a funcionar.
No nosso caso isso seria um desastre.
O que tem isto tudo a ver com a solidão, perguntarão? Nada, para falar a verdade. Ou melhor, os seres humanos têm, mas o resto surgiu espontaneamente como se o teclado, com vontade própria decidisse tomar em suas mãos o destino deste texto, e, sem o inocente escritor sequer reparar, ao fim de cinquenta linhas de texto, nem uma palavra fala do assunto que ele inicialmente desejara escrever.
Muitos de vocês chamar-me-ão estranho, ou maluco, ou até mesmo loiro, confirmando assim, claro, a predisposição do ser humano para afirmar o óbvio. Outros dirão que este blog é a melhor coisa que surgiu na vossa vida durante os últimos anos, confirmando obviamente a tendência do ser humano para o sarcasmo. No entanto, a única verdade e conclusão que provavelmente poderemos tirar daqui, é que deveremos sempre ter de ter muito cuidado com o tipo de teclado que compramos ao encomendar um novo computador. Um ecrã apenas muda a maneira como vemos os dados, um teclado altera a maneira como os passamos.
Cumprimentos,
Cynath

Ps: No meu próximo post abordarei então o que tinha a dizer sobre a solidão.

terça-feira, janeiro 17, 2006

"Estou? Sim? Ahhhhhh Maria!"

Feitas as apresentações, é hora de deitar mãos à obra e mexer os cordelinhos. Se me permitem debruçar-me-ei sobre dois tipos de flagelo que persistem nos dias de hoje, sobretudo em locais públicos altamente frequentados ou esquinas de ruas.

O primeiro fenómeno é de fácil identificação. Quem é que nunca se deparou com um indivíduo (o sexo é indiferente) em pleno comboio ou autocarro a narrar toda a sua vida ao telefone? Passo a exemplificar:

- Estou? Sim? Ahhhhhhhhhhhhhh Maria! Sabias que ontem tive uma noite escaldante com o Gervásio? Opa, nem te sei explicar...foi algo de memorável!
(ouvem-se uns murmúrios vindos do lado de lá da linha...de seguida esta nobre personagem continua a sua narrativa amorosa)
- Aiiiiii nem sabes! Não me sentia assim desde o Ambrósio!! Aquele homem era fabuloso, mas este supera-o!!
(a conversa continua...eu tento desligar, mas é impossível! Qualquer palavra entoada por aquele espécime espalha-se por toda a carruagem num volume incontrolável...)

Eu confesso. É um ódio de estimação meu. Mas porque carga d'água tenho eu de saber as aventuras passionais desta sujeita enquanto leio descansadamente o jornal? Será que isso lhe dá prazer? Eu juro que tento, mas não consigo compreender. E se fosse dialogar com a poia de que o Cynath fala no blog dele? Concerteza teria uma resposta bem mais interessante...
O telemóvel foi a maior invenção dos últimos anos - depois deste blog, como é óbvio - mas não deveria ser permitido a estes seres o acesso a tão poderoso instrumento. Acho que a relação que ali se estabelece durante uma chamada como aquela chega a ser mais intensa que o próprio acontecimento que a pessoa em causa descreve efusivamente.
Até mesmo um discurso com 198238912 horas do MP3 aka Super Mário seria mais facilmente suportável do que esta "sinfonia" desafinada...

O outro acontecimento absolutamente irritante com o qual me deparo diariamente resume-se à actividade praticada pelas domésticas da minha rua (e, por conseguinte, de todas as ruas deste nosso Portugal), isto sem qualquer desrespeito pela profissão exercida. Corte e costura metafórico, autênticas parábolas em redor do intímo de cada habitante dos arredores. A ilustração mais perfeita deste acontecimento seria vê-las junto à esquina, de bloco de notas na mão, a apontar todas as ocorrências do dia, qual Big Brother...

Ainda há duas horas atrás, quando regressava a casa, quase esbarro numa reunião da Associação das Domésticas Cuscas. A ordem do dia singia-se à Manela da Sapataria que tinha sido vista a abraçar o Zé do Talho. Cordial como sempre, pedi imensa desculpa por interromper tal tertúlia, riquíssima em conhecimento, e segui despreocupadamente o meu caminho, grato por não ter nascido com esse "dom".
Para esses seres aqui fica o seguinte carimbo:


Alguém os/as perdoe...eles não sabem o que fazem..!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Inauguração das postas de pescada

Hoje começa uma nova aventura neste mundo surreal. Um círculo restrito de individualidades, ou melhor, seres de excepção, dedica-se, a partir deste momento, à revolução das mentalidades de (outros) seres menos excepcionais. Como tal, empreenderemos uma longa jornada que tentará sobreviver tantos anos quantos o nosso ilustre colega MP3 aka Super Mário.

Esperamos corresponder ou até mesmo superar as vossas expectativas (ena, ena! somos uns malucos!), em especial no que diz respeito aos nossos extensos conhecimentos acerca do sistema respiratório e urinário dos mamutes de tromba roxa. Sabemos que é difícil e que o assunto é ainda pouco divulgado, mas estamos confiantes de que seremos capazes de mundializar esta sapiência milenar. Estamos prontos a abraçar esta causa, este novo desafio que nos surge em forma de blog.

Cordiais e rascos cumprimentos,
O Patronato.

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Este espaço é da exclusiva responsabilidade (pelo menos até ao momento) dos seguintes intervenientes:

  • Mike (bubacar)
  • Catalão
  • Cynath