terça-feira, janeiro 17, 2006

"Estou? Sim? Ahhhhhh Maria!"

Feitas as apresentações, é hora de deitar mãos à obra e mexer os cordelinhos. Se me permitem debruçar-me-ei sobre dois tipos de flagelo que persistem nos dias de hoje, sobretudo em locais públicos altamente frequentados ou esquinas de ruas.

O primeiro fenómeno é de fácil identificação. Quem é que nunca se deparou com um indivíduo (o sexo é indiferente) em pleno comboio ou autocarro a narrar toda a sua vida ao telefone? Passo a exemplificar:

- Estou? Sim? Ahhhhhhhhhhhhhh Maria! Sabias que ontem tive uma noite escaldante com o Gervásio? Opa, nem te sei explicar...foi algo de memorável!
(ouvem-se uns murmúrios vindos do lado de lá da linha...de seguida esta nobre personagem continua a sua narrativa amorosa)
- Aiiiiii nem sabes! Não me sentia assim desde o Ambrósio!! Aquele homem era fabuloso, mas este supera-o!!
(a conversa continua...eu tento desligar, mas é impossível! Qualquer palavra entoada por aquele espécime espalha-se por toda a carruagem num volume incontrolável...)

Eu confesso. É um ódio de estimação meu. Mas porque carga d'água tenho eu de saber as aventuras passionais desta sujeita enquanto leio descansadamente o jornal? Será que isso lhe dá prazer? Eu juro que tento, mas não consigo compreender. E se fosse dialogar com a poia de que o Cynath fala no blog dele? Concerteza teria uma resposta bem mais interessante...
O telemóvel foi a maior invenção dos últimos anos - depois deste blog, como é óbvio - mas não deveria ser permitido a estes seres o acesso a tão poderoso instrumento. Acho que a relação que ali se estabelece durante uma chamada como aquela chega a ser mais intensa que o próprio acontecimento que a pessoa em causa descreve efusivamente.
Até mesmo um discurso com 198238912 horas do MP3 aka Super Mário seria mais facilmente suportável do que esta "sinfonia" desafinada...

O outro acontecimento absolutamente irritante com o qual me deparo diariamente resume-se à actividade praticada pelas domésticas da minha rua (e, por conseguinte, de todas as ruas deste nosso Portugal), isto sem qualquer desrespeito pela profissão exercida. Corte e costura metafórico, autênticas parábolas em redor do intímo de cada habitante dos arredores. A ilustração mais perfeita deste acontecimento seria vê-las junto à esquina, de bloco de notas na mão, a apontar todas as ocorrências do dia, qual Big Brother...

Ainda há duas horas atrás, quando regressava a casa, quase esbarro numa reunião da Associação das Domésticas Cuscas. A ordem do dia singia-se à Manela da Sapataria que tinha sido vista a abraçar o Zé do Talho. Cordial como sempre, pedi imensa desculpa por interromper tal tertúlia, riquíssima em conhecimento, e segui despreocupadamente o meu caminho, grato por não ter nascido com esse "dom".
Para esses seres aqui fica o seguinte carimbo:


Alguém os/as perdoe...eles não sabem o que fazem..!

5 comentários:

Anónimo disse...

Voces devem pensar k sao engraçados nao? Por acaso estes 2 flagelos até estao algo cómicos, e fazem de facto, parte do nosso irremediavel quotidiano! Continuem a fazer textos destes! Beijo po meu DIGOOO, po sr Futebolista e po Padrinho =)

Anónimo disse...

uma palavra: mp3 player!! ok, duas.

Anónimo disse...

um dos donos deste blog sofre dessa doença do tlm...

Ooops..

chibei-me???

temos pena =D

beijos pós 3

Anónimo disse...

Pois que os transportes publicos são um dos mais ricos instrumentos de trabalho para a discussao da vida alheia. Eu propria já fui vitima de escutas telefonicas em que o individuo ao meu lado nao so falava alto como a outra personagem que se encontrava do lado de lá. Velhos tempos em que não levava o meu mp3 para todo o lado acabando com esse bixinho irritante, que hoje se torna num embalar de melodia, sono e um pouco de sudoku para não cair em tentação de adormecer no comboio.

Quanto às domesticas, lamento mas é um mal da mulher em si. infelizmente está no nosso sangue cortar e costurar a vida alheia. Nao que eu o faxa.... é claro :P

(A minha empregada foi tao bem caracterizada aki... lindo menino :D)

Beijinhos

coraline disse...

muito bem, Rui. nao podia concordar mais contigo. em primeiro lugar, os telefonemas...muitas vezes apanhei com cenas assim nas longas viagens ate lisboa. em segundo, as cuscuvilhice, o "o corte e costura" como bem lhe chamaste, dessas fadinhas do lar.Por Deus, degradante.
pedeínchax