segunda-feira, janeiro 23, 2006

A idade não perdoa..



No seguimento da crítica social que tem sido feita pelo meu caro e distinto colega Catalão, lembrei-me de abordar um assunto que me fascina, com o qual me deparo diariamente e me provoca algum medo,confesso..Surgem em qualquer paragem de autocarro,estação de metro ou qualquer outro meio de transporte colectivo.Por vezes formam gangs que se intitulam "Turismo sénior do Inatel".. no seu passo vagaroso invadem praias, hotéis, cafés e todo um conjunto de estabelecimentos comerciais e assustam as pessoas empunhando fortes bengalas, canadianas e afins, encontrando-se também munidos de dentes móveis que saltam quando menos se espera sem uma direcção definida..Por outro lado no seu dia-a-dia normal são responsáveis por um conjunto de estranhas situações que observo e tornam a minha viagem nos autocarros bem mais alegre e agitada.Passarei então a enumerar algumas dessas peripécias:
Nunca consegui perceber o facto de as pessoas de idade serem sempre as primeiras a protestar junto do motorista, (mesmo que ele seja ucraniano e nao perceba nada..) se o "Bus" chega 5 minutos atrasado..gesticulam fortemente acompanhando os gestos com expressões de indignação fazendo realçar as rugas acumuladas e levantam a voz para fazerem chegar a sua indignação ao banco mais longínquo ( se bem que no banco mais longínquo está normalmente um dread sentado com os phones em volume máximo curtindo um kizomba, alheado da cena que se vive..). Tudo isto porquê?Será que perder 5 minutos do "Portugal no coração" é assim tão grave??Não consigo perceber..

Por outro lado, uma coisa que sempre me intrigou foi uma senhora de idade que todos os dias apanhava o mesmo autocarro com a indicaçao de "210 Caneças", e todos os dias perguntava ao motorista se o autocarro ia para Caneças..todos os dias, à mesma hora, no mesmo local, lá estava a senhora a fazer a mesma pergunta e o motorista com a paciência do costume respondia que sim..eu se fosse motorista,ao fim de uma semana desta situação teria que responder desta forma à cara senhora que tão "amavelmente" fazia a pergunta: "Não,o autocarro diz 210 Caneças mas é só para enganar..shiiuu,mas nao diga a ninguém.."

Mas no fundo tenho a dizer que os ditos "velhos" são bem lá no fundo pessoas amáveis,generosas( a minha avó pelo menos sempre foi comigo,gomas,bolos..deus a abençoe..) com quem temos muito a aprender..E por outro lado o que critico agora poderá ser aquilo em que me vou tornar daqui a uns anos quem sabe..pelo menos a bóina e os dentes amovíveis vou usar de certeza..

Por outro lado assistimos a outra loucura semanal a que se dá o nome de "Euro Milhões", deixo aui para terminar uma foto que testemunha o desespero de dois jovens por mais uma semana de Jackpot acumulado.. A esses dois jovens desejo-lhes melhor sorte para a semana..

sábado, janeiro 21, 2006

Ratinhos de Biblioteca

Sendo eu um potencial crítico desta sociedade, não poderia deixar escapar a hipótese de escarnecer uma epidemia que prolifera um pouco por todo o mundo: os ratinhos de biblioteca.
Não, não me refiro a uma espécie nova de roedores que decidiu atacar o nosso singelo planeta. Com esses podemos nós bem. Falo-vos, pois, de outro tipo de roedores. Quem conhece o termo sabe ao que me refiro. Estes, ao invés de pedaços de queijo e outros pequenos alimentos, devoram apontamentos, livros com uma média de 2000 páginas, enciclopédias, dicionários, etc. E porquê? Ok, é importante um pouco de dedicação à escola, à faculdade, whatever...mas não exageremos, por favor!
A parte interessante na análise desta espécie prende-se com a interacção dos seus membros. Desconhecendo a maioria das práticas comunicativas, estes seres tendem a estabelecer relações intersubjectivas através de certos processos fisiológicos como: espumar intensamente da boca após 3291023 horas seguidas a estudar palavras do dicionário, balançar violamente o corpo para a frente e para trás, adquirir uma postura atarracada que lhes permita abranger o maior número de livros possível, entre outros comportamentos desviantes.
Entre os seus habitats naturais destacam-se as primeiras filas das salas de aula deste Portugal e as bibliotecas (especialmente as que possuem artigos sobre a reprodução do nosso grande amigo mamute de tromba roxa). Interessam-se pelas novas técnicas de permanecer acordado durante 3 dias seguidos - extremamente úteis em épocas de grande stress estudantil - bem como pela vida sexual dos mosquitos autistas.
Exemplo prático: um espécime do sexo feminino, rondando os 18 anos, entrou numa sala de aula com um atraso de 30 minutos. Bateu atenciosamente à porta, espreitou para dentro da sala e entrou pé ante pé. Dirigiu-se ao professor universitário, pediu 321982398013 vezes desculpa pelo atraso e acrescentou: "peço imensa desculpa, mas vou ter de sair 5 minutos mais cedo da aula, pois tenho de saciar a minha necessidade de devorar livros incessantemente". O professor acenou, espantado com a situação. Minutos antes de acabar a aula, este espécime, que se tinha sentado na fila da frente e permanecido imóvel durante 1 hora e 32 segundos, chamou o professor e avisou que se iria retirar. Saíu, deixando um rasto de preocupação entre os que restaram...
Tenham cuidado! Eles andam aí e são perigosos...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Solidão

Os seres humanos são das criaturas mais maravilhosas que se podem encontrar no universo. Não são provavelmente as mais fortes, e muito menos as mais inteligentes... Não serão também as mais rápidas ou ágeis nem as mais sexualmente aptas. Contudo, existem ainda certas características que lhes são inerentes a eles e apenas a eles.
A primeira é o sarcasmo. Num universo infinito (e para quem não sabe o quão grande infinito é basta dizer-vos que é maior do que qualquer tamanho que vocês imaginem...) eles são os únicos a possuir a capacidade de utilizar sarcasmo em qualquer situação e, consequentemente, entendê-lo. Muitos já tentaram perceber onde é que exactamente essa característica os vai ajudar a desenvolverem-se enquanto raça. Até agora nada se descobriu. Contudo, convém dizer que, mesmo que servindo para mais nada, o sarcasmo dá estilo. E num universo gigantesco, o estilo conta!
A segunda é o hábito que os seres humanos têm de constatar continua e repetidamente tudo o que há de mais óbvio, como "está um dia lindo", "És muito alto", "Pareces ter dormido pouco!", "Oh meu Deus, acabaste de cair para dentro de um poço de trinta metros! Estás bem?"
Já se formaram teorias ácerca de tal comportamento disfuncional. A primeira teoria a que se chegou é que se os seres humanos não exercitarem continuamente os seus lábios, as suas bocas acabam por desaparecer.
Após alguns meses de observação e consideração, abandonou-se essa teoria por uma nova. Se os seres humanos não exercitarem continuamente os lábios, os seus cérebros começam a funcionar.
No nosso caso isso seria um desastre.
O que tem isto tudo a ver com a solidão, perguntarão? Nada, para falar a verdade. Ou melhor, os seres humanos têm, mas o resto surgiu espontaneamente como se o teclado, com vontade própria decidisse tomar em suas mãos o destino deste texto, e, sem o inocente escritor sequer reparar, ao fim de cinquenta linhas de texto, nem uma palavra fala do assunto que ele inicialmente desejara escrever.
Muitos de vocês chamar-me-ão estranho, ou maluco, ou até mesmo loiro, confirmando assim, claro, a predisposição do ser humano para afirmar o óbvio. Outros dirão que este blog é a melhor coisa que surgiu na vossa vida durante os últimos anos, confirmando obviamente a tendência do ser humano para o sarcasmo. No entanto, a única verdade e conclusão que provavelmente poderemos tirar daqui, é que deveremos sempre ter de ter muito cuidado com o tipo de teclado que compramos ao encomendar um novo computador. Um ecrã apenas muda a maneira como vemos os dados, um teclado altera a maneira como os passamos.
Cumprimentos,
Cynath

Ps: No meu próximo post abordarei então o que tinha a dizer sobre a solidão.

terça-feira, janeiro 17, 2006

"Estou? Sim? Ahhhhhh Maria!"

Feitas as apresentações, é hora de deitar mãos à obra e mexer os cordelinhos. Se me permitem debruçar-me-ei sobre dois tipos de flagelo que persistem nos dias de hoje, sobretudo em locais públicos altamente frequentados ou esquinas de ruas.

O primeiro fenómeno é de fácil identificação. Quem é que nunca se deparou com um indivíduo (o sexo é indiferente) em pleno comboio ou autocarro a narrar toda a sua vida ao telefone? Passo a exemplificar:

- Estou? Sim? Ahhhhhhhhhhhhhh Maria! Sabias que ontem tive uma noite escaldante com o Gervásio? Opa, nem te sei explicar...foi algo de memorável!
(ouvem-se uns murmúrios vindos do lado de lá da linha...de seguida esta nobre personagem continua a sua narrativa amorosa)
- Aiiiiii nem sabes! Não me sentia assim desde o Ambrósio!! Aquele homem era fabuloso, mas este supera-o!!
(a conversa continua...eu tento desligar, mas é impossível! Qualquer palavra entoada por aquele espécime espalha-se por toda a carruagem num volume incontrolável...)

Eu confesso. É um ódio de estimação meu. Mas porque carga d'água tenho eu de saber as aventuras passionais desta sujeita enquanto leio descansadamente o jornal? Será que isso lhe dá prazer? Eu juro que tento, mas não consigo compreender. E se fosse dialogar com a poia de que o Cynath fala no blog dele? Concerteza teria uma resposta bem mais interessante...
O telemóvel foi a maior invenção dos últimos anos - depois deste blog, como é óbvio - mas não deveria ser permitido a estes seres o acesso a tão poderoso instrumento. Acho que a relação que ali se estabelece durante uma chamada como aquela chega a ser mais intensa que o próprio acontecimento que a pessoa em causa descreve efusivamente.
Até mesmo um discurso com 198238912 horas do MP3 aka Super Mário seria mais facilmente suportável do que esta "sinfonia" desafinada...

O outro acontecimento absolutamente irritante com o qual me deparo diariamente resume-se à actividade praticada pelas domésticas da minha rua (e, por conseguinte, de todas as ruas deste nosso Portugal), isto sem qualquer desrespeito pela profissão exercida. Corte e costura metafórico, autênticas parábolas em redor do intímo de cada habitante dos arredores. A ilustração mais perfeita deste acontecimento seria vê-las junto à esquina, de bloco de notas na mão, a apontar todas as ocorrências do dia, qual Big Brother...

Ainda há duas horas atrás, quando regressava a casa, quase esbarro numa reunião da Associação das Domésticas Cuscas. A ordem do dia singia-se à Manela da Sapataria que tinha sido vista a abraçar o Zé do Talho. Cordial como sempre, pedi imensa desculpa por interromper tal tertúlia, riquíssima em conhecimento, e segui despreocupadamente o meu caminho, grato por não ter nascido com esse "dom".
Para esses seres aqui fica o seguinte carimbo:


Alguém os/as perdoe...eles não sabem o que fazem..!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Inauguração das postas de pescada

Hoje começa uma nova aventura neste mundo surreal. Um círculo restrito de individualidades, ou melhor, seres de excepção, dedica-se, a partir deste momento, à revolução das mentalidades de (outros) seres menos excepcionais. Como tal, empreenderemos uma longa jornada que tentará sobreviver tantos anos quantos o nosso ilustre colega MP3 aka Super Mário.

Esperamos corresponder ou até mesmo superar as vossas expectativas (ena, ena! somos uns malucos!), em especial no que diz respeito aos nossos extensos conhecimentos acerca do sistema respiratório e urinário dos mamutes de tromba roxa. Sabemos que é difícil e que o assunto é ainda pouco divulgado, mas estamos confiantes de que seremos capazes de mundializar esta sapiência milenar. Estamos prontos a abraçar esta causa, este novo desafio que nos surge em forma de blog.

Cordiais e rascos cumprimentos,
O Patronato.

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Este espaço é da exclusiva responsabilidade (pelo menos até ao momento) dos seguintes intervenientes:

  • Mike (bubacar)
  • Catalão
  • Cynath